quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Matriz do 3º Teste Sumativo/2º Período Turmas: A B C D

Nota: Adquire folha de Teste na Papelaria

ESTRUTURA:
4 Grupos ( igual estrutura)

Grupo I
10 itens de escolha múltipla


Grupo II
6 questões de resposta curta e objectiva: (estabelecer correspondências; aplicar definições.


Grupo III
5 itens de classificação verdadeiro/falso ( V/F).


Grupo IV
1 Questão de resposta extensa e orientada: (Tema para desenvolvimento/dissertação).



COTAÇÕES:


Grupo I: 1o x 4 pontos = 40 pontos: 4 valores


Grupo II: 6 x 10 pontos = 60 pontos: 6 valores

Grupo III: 5 x 10 pontos = 50 pontos: 5 valores


Grupo IV: 1 x 50 pontos = 5 valores ( 3 valores p/conteúdos + 2 valores p/aspectos formais: qualidade da redacção/nexo lógico/ortografia)

TOTAL: 200 Pontos ( 20 valores)



CONTEÚDOS:


1. A acção humana ( análise e compreensão do agir - desde os condicionantes da acção - pág. 47 do Manual)

2. Os valores ( análise e compreensão da experiência valorativa - até pág. 80 do Manual)




ELEMENTOS de ESTUDO:

Manual - páginas indicadas

Actividades realizadas na aula / respectivas correcções

Elementos publicados no Blog

Registos do Caderno Diário

Fichas de Apoio distribuídas

Obsv: O estudo deve ser acompanhado de produção escrita (quer extensiva, quer construíndo sistematizações/esquemas).

Ao longo do estudo, deverás registar (por escrito) as tuas dúvidas para posterior esclarecimento.

BOM TRABALHO!





ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS COLOCADAS VIA BLOG:
1º)
Satú:
Se consultarem a Ficha Sinopse divulgada, a propósito das Teorias sobre o livre arbítrio, verão que no caso das teorias compatibilistas (aquelas que assumem a possibilidade de exercermos a nossa liberdade), não existe nenhuma que tenha a designação de "liberalismo económico". O que acontece, na época contemporânea, é que essa tendência - a do liberalismo económico e social - foi-se instalando a partir de uma evolução natural e histórica das concepções do LIBERTARISMO (do séc.XIX) - que já nessa época, defendiam a liberdade individual levada ao extremo ( o que deu origem a tendências políticas como o anarquismo e outras). O que acontece actualmente, é que essas ideias libertárias do séc. XIX sofreram a metamorfose que decorre da própria evolução das sociedades nos planos político e económico e, como hoje se verifica o primado da economia sobre as esferas política e social, o LIBERTARISMO transformou-se em INDIVIDUALISMO LIBERALIZANTE - que defende uma economia centrada nas iniciativas individuais e, em casos extremos, torna-se mesmo anti-estatista ( na medida em que exclui a participação do Estado na gestão e regulação dos assuntos económicos e sociais ) , deixando tudo ao sabor das iniciativas individuais e das lógicas competitivas do mercado e da especulação financeira (negócios da Bolsa e da Banca, off shores, etc.). Por isso é que o LIBERTARISMO se converteu (na época actual), numa tendência anti-estatista e insensível aos grandes dramas sociais e humanos, que decorrem desta fase avançada do capitalismo, da especulação financeira e das multinacionais ( onde muitos indivíduos enriquecem, insensíveis à exploração e à pobreza galopante das grandes massas sociais que os sustentam e alheios à crescente massa humana que nem sequer acede ao mundo do trabalho, não tendo qualquer possibilidade de integração social - aqueles que já nascem excluídos), tendo o Estado uma capacidade de intervenção cada vez menor na reposição da justiça social.
2º)
Ana: não li, nem sequer conheço a obra a que fazes referência, mas hei-de lê-la assim que me sobrar algum tempo para actualizar leituras. De qualquer modo, coloca a dúvida que te surgiu pois prometo que a esclarecerei.
3º) Torna-se impossível analisar a questão no abstracto; no entanto, tens a certeza que esse segundo personagem assume uma posição compatibilista? Ou será só, aparentemente, adepto dessa posição? Não será antes, partidário do indeterminismo? Sem conhecer a obra será difícil precisar essa questão.
4º) Duarte: pode-se considerar que a perspectiva de Searle sintetiza as posições do determinismo moderado e do libertarismo assumindo, todavia, uma posição original no que toca ao exercício do livre arbítrio. Em última análise, são as deliberações da consciência que concretizam o exercício do livre arbítrio - mas esta posição não faz do autor um libertarista puro; também não é um determinista moderado (puro) na medida em que Searle não assume uma perspectiva monista no que respeita ao funcionamento do corpo e da mente - uma vez que, nessa matéria, adopta uma posição dualista: corpo e consciência não estão divididos (como se se tratassem de substâncias distintas - neste aspecto é monista) mas têm um funcionamento distinto: a consciência não está submetida aos mesmos determinismos que afectam o corpo e os restantes fenómenos da natureza; por isso, é capaz de ultrapassar os constrangimentos exteriores e internos, sendo a faculdade responsável pelo exercício do livre arbítrio: pela orientação da vontade, das escolhas e decisões.
5º) Jorge: Só agora vi a tua dúvida e espero que ainda vá a tempo de a esclarecer: de facto, tens razão para estar confuso, uma vez que há aspectos na tua pergunta que revelam algumas confusões no que respeita à compreensão de alguns detalhes (por ex: ao contrário do que percebeste, o determinismo moderado é uma teoria monista). Podes tomar em atenção as explicações dadas nos esclarecimentos anteriores; todavia, importa que percebas que a teoria de Searle é monista - apenas no que respeita ao facto de não assumir uma divisão ou separação entre o corpo e a consciência; no entanto, é dualista no que respeita ao seu funcionamento: Searle não aceita que a consciência esteja sujeita aos mesmos determinismos que afectam o corpo e os fenómenos da natureza em geral. Neste aspecto, assume o dualismo (corpo/mente) , reconhecendo que a consciência não obedece ao mesmo tipo de condicionalismos que afectam a parte física do homem. Searle rejeita o determinismo psicológico (logo, neste particular, é dualista) afirmando que a liberdade se traduz nas livres deliberações da consciência.
Olá !... Ana Lúcia e Diana!... Sejam Bem-Vindas ao Blog (já não era sem tempo!)
Relativamente à questão que colocam, deduzo que perceberam o fundamental, embora exista um pormenor que vos escapou. De facto, o libertarismo ( como teoria do séc.XIX que inspirou ideologias políticas adeptas de um livre arbítrio radical, como foi o caso do anarquismo), é uma concepção dualista (como vocês bem entenderam) e apesar de admitir que o mundo físico é regido por leis causais - e portanto assumir o determinismo no que toca à natureza - estabelece, no entanto, uma ressalva no que respeita ao comportamento humano: não aceita que as mesmas leis causais que regem os fenómenos naturais se apliquem à acção humana - uma vez que o mundo físico não é da mesma natureza que a acção humana. Sendo esta regida por uma dinâmica diferente, (por leis diferentes); as leis do mundo material/físico, não se aplicarão ao funcionamento mental. Assim, apesar de ser uma teoria dualista e compatibilista ( uma vez que defende que as acções resultam de tomadas de posição racionais (deliberações do agente - pelo exercício do livre arbítrio), não admite que as leis deterministas da natureza expliquem o funcionamento mental - uma vez que este é livre, não sendo nem determinado, nem previsível.
Logo, respondendo mais directamente à vossa questão, a haver alguma influência determinante das leis da natureza sobre uma das partes em que se divide o homem, essa influência estaria sempre muito mais associada ao corpo, do que à consciência.
Espero ter ajudado
Bom Estudo!
Bjs. Voltem sempre!
Diana: Essa dúvida só revela que ainda não estudaste o suficiente; ( antes de mais, uma pequena correcção ortográfica: escreve-se "perspectiva" e não, "prespectiva". Agora, aqui vai a explicação:
- Há várias diferenças, entre as quais no grau com que ambas as teorias assumem o exercício da liberdade, sendo a de Searle mais moderada e o libertarismo mais radical. Por outro lado, Searle não defende uma perspectiva dualista pura - no que se refere à natureza da consciência e do corpo - no que toca a essa questão, a teoria de Searle é monista ( REPARA NAS EXPLICAÇÕES DADAS ANTERIORMENTE E PERCEBERÁS). Searle só admite o dualismo do ponto de vista funcional (na medida em que o modo e o grau com que o corpo e a consciência são afectados pelas leis causais é bastante distinto e, neste aspecto, podemos dizer que se aproxima do libertarismo, uma vez que não reconhece que as leis que se aplicam aos fenómenos físicos, se possam aplicar ao funcionamento livre da consciência. Em suma, a perspectiva de Searle coloca-se numa posição intermédia entre as teorias radicais do determinismo (em que o livre arbítrio é entendido como uma ilusão) e do libertarismo ( em que a liberdade é absoluta, não limitada, nem constrangida). Lê ainda, o que o Manual contém acerca destas teorias.
Bjs. e agora vou continuar a corrigir testes. Vocês já deveriam ter colocado estas questões, (se estudassem com a devida antecedência... ) Não é ? Pois É, Pois É!...
8º Duarte:
Em resposta às tuas duas últimas questões, esclareço:
1ª- Claro está que a fase de deliberação daquele hipotético sujeito, implica uma ponderação realizada no interior da sua consciência e, portanto, a decisão decorre de uma tomada de posição assumida e, obviamente, anterior a qualquer confronto com punições exteriores (de natureza social, judiciais ou outras). Claro está, que no caso ilustrado pelo exemplo, não se trata de uma decisão com valor moral na medida em que as motivações não são verdadeiramente autónomas, mas heterónomas, precisamente no sentido de evitar essas posteriores e previsíveis represálias ou punições; (logo, o sujeito agiria coagido por interesses/necessidades: evitar essas hipotéticas consequências).
2ª - Quanto à segunda questão, se já tivesses visto com atenção os conteúdos (até mesmo via Manual), não os confundirias. A intenção, à partida, é uma energia que comanda as acções ( no bom ou no mau sentido). A intenção não se confunde com as normas morais. Estas são regras socialmente aceites e instituídas que podem, ou não, exercer pressões sobre a intenção e sobre as condutas: se a intenção corresponder, apenas, ao cumprimento das normas e padrões sociais, não será uma intenção provida de moralidade, podendo ser provida de correcção social e de legalidade. Mas se a intenção apenas tiver por finalidade o respeito e o cumprimento do dever moral (exclusivamente ditado pelos imperativos da consciência), então será uma intenção com sentido moral, orientando as acções para o cumprimento desse dever, entendido como um Fim em si mesmo. As acções que disso resultarem, serão sempre autónomas: acções por puro respeito ao dever, que não devem confundir-se com as "acções conformes ao dever".
CORRECÇÃO da ACTIVIDADE FORMATIVA (T.P.C.) - pág. 101
(Respostas sintéticas)
1). Quando as acções humanas são orientadas por princípios ditados pela consciência moral, integram-se na dimensão ética do agir. Assim, designa-se por dimensão ética da acção o domínio onde se inscrevem todas as acções orientadas pelos "mandamentos internos" da consciência moral e dirigidas para uma única finalidade ou fim - que é a prática do Bem. Assim, a dimensão ética é a própria moralidade.
Estas condutas são dirigidas por uma intencionalidade desinteressada e autónoma, uma vez que se efectuam por puro respeito ao dever, contribuindo para a dignificação e aperfeiçoamento do ser humano.
2). É o ser humano que age moralmente isto é, que orienta os seus comportamentos e acções pelos princípios acima referidos (auto-impostos pela sua consciência) e por normas efectivamente reconhecidas pelo sujeito, como tendo valor moral - isto é, reconhecidas como boas e dignas de respeito.
3). Para que uma acção assuma valor moral é necessário que esta seja fruto de uma decisão consciente e dirigida por uma boa intenção ( uma intencionalidade desinteressada: autónoma). Assim, a moralidade está directamente associada ao exercício da liberdade e esta, por sua vez, determina o grau de responsabilidade do agente, uma vez que é ele o único autor e responsável pelas acções que resultaram de "ordens" auto-impostas pela sua consciência.
Assim, uma acção moral não é, uma acção em conformidade com as normas (acções conformes ao dever), nem uma acção contra os princípios da consciência moral (acções imorais) mas uma acção que obedece, apenas, aos princípios ideais da consciência - reconhecidos como autónomos e estimados pelo agente como guias orientadores da sua conduta: a acção moral não é conforme ao dever, mas uma acção por dever.
4). A conformidade com a norma não é, de modo algum, suficiente para conferir moralidade a uma acção (ver respostas anteriores). Poderei actuar em conformidade com as normas e regras socialmente reconhecidas e instituídas, sem que pratique acções com valor moral. A norma moral impõe-me ( do exterior) a correcção e a legalidade nas minhas acções. A moralidade, impõe-me (do interior da minha consciência) o respeito pelo dever e o reconhecimento da dignidade como únicos guias da minha conduta e vias de auto-aperfeiçoamento da minha pessoa.
5). Apesar de frequentemente usadas no mesmo sentido (como conceitos sinónimos) a moral e a ética são distintas:
- A ética define-se como a reflexão filosófica que procura justificar/fundamentar (no plano teórico) os fundamentos da moral. É, por assim dizer, " uma moral pensada": define os princípios a que uma acção deve obedecer para assumir um valor moral.
- A moral tem uma dimensão eminentemente prática (reflecte-se nas acções, nos comportamentos): é uma moral vivida. Consiste no assumir das normas socialmente reconhecidas como válidas ou obrigatórias, reflectindo-se na correcção dos comportamentos sociais, nos usos , nos costumes, nas tradições e também, nos preconceitos.
6). Sim; a resposta a essas questões é do domínio ético ( pelas razões expostas na resposta anterior) - uma vez que é à ética que compete definir e fundamentar, no plano teórico, esses princípios.
7). A definição da moral encontra-se esclarecida na resposta 5).
8). A intenção é a energia que orienta as acções para uma determinada direcção ou fim/finalidade. Se a intenção/motivação for dirigida para o cumprimento do dever moral (por puro respeito ao dever) - estamos perante uma boa intenção; se, pelo contrário, for dirigida por interesses ou necessidades - estaremos perante uma vontade heterónoma que poderá, ou não, conduzir a acções imorais ( contra o dever), ou acções sem valor moral ( conformes ao dever).
9). A liberdade e a responsabilidade moral estão intimamente ligadas. (ver resposta à questão 3).
FIM





sábado, 17 de janeiro de 2009

Porque não irei às aulas no próximo dia 19 de Janeiro



Aos meus Alunos, Colegas e Encarregados de Educação:

Em Julho de 2007, redigi e enviei esta “Carta Aberta” à Sr.ª Ministra da Educação. Volvidos 2 anos, a política deseducativa do Governo Sócrates continua, lamentavelmente, a dar-lhe actualidade.
Se tiverem paciência e tempo, não deixem de a ler!


Ex.mª senhora Ministra:
Quem lhe endereça esta carta tem 48 anos de idade e cerca de metade da sua vida dedicada ao exercício da docência no Ensino Secundário. Assistiu, ao longo da sua carreira profissional, à “rodagem” de sucessivos Governos e à interminável implementação de “reformas” ,“contra-reformas” e medidas mais ou menos avulsas de sucessivos ministros e secretários de estado, cada um empenhado em “endireitar” e “remendar” o tão enviesado e cada vez mais deteriorado sistema educativo e de ensino em Portugal - país que se caracteriza por ser prodigioso em simulacros e penúria de milagres (o último terá ocorrido em 1917).
Muitos dos ministros que têm assumido a complexa tarefa de dirigir os destinos da educação ficaram na história por bons e maus motivos e desses, recordo, (independentemente de qualquer cor política, uma vez que a paleta foi diversificada), um substancial número – que desde o antigo regime, entenda-se salazar/marcelista até hoje, tinham em comum, pelo menos alguns deles, uma matriz relevante: conheciam em profundidade as carências e vicissitudes do Sistema e percebiam de facto de Educação além de serem, na sua maioria, personalidades publicamente reconhecidas e com provas dadas nesse domínio; alguns até, possuidores de um inestimável palmarés científico e académico; porém, não sendo essa a matéria em apreço, abstenho-me de nomear personalidades que certamente a Sr.ª Ministra conhecerá tão bem quanto eu.
Perante a miríade de medidas implementadas por V. Ex.ª no decurso do presente ano lectivo e tão abnegadamente publicitadas principalmente pelo Sr. Secretário de Estado Valter Lemos e tendo em conta as propostas recentemente anunciadas para futura integração no Estatuto da Carreira Docente, particularmente no que respeita ao novo regime de progressão na carreira e avaliação dos professores verifico, objectivamente, que ao contrário de uma grande parte dos seus antecessores, a Sr.ª Ministra além de ser uma ilustre desconhecida (para a esmagadora maioria dos portugueses) até ter assumido as funções que agora exerce no Ministério da Educação, ficará na história deste Ministério por exibir (com a discrição e simplismo que se lhe reconhece), uma pioneira e radical insensibilidade e desconhecimento em matéria educativa o que, paradoxalmente, não lhe tem tolhido a acção. A Escola, antes de mais, não é uma empresa, mas uma comunidade complexa, cada vez mais complexa, que a senhora Ministra deveria analisar em profundidade, quanto mais não fosse, por inerência de funções.
Ficará certamente na história do sistema educativo português como principal obreira de mais um logro demagógico não destituído de graves consequências. De facto, as referidas medidas só virão contribuir para ampliar a péssima imagem dos professores junto da opinião pública (não pelas consequências sérias da sua implementação prática, uma vez que de raiz, carecem de objectividade e de seriedade) mas porque enfermam, à partida, de um significado latente e subliminar de desrespeito e ataque sistemático à dignidade de uma classe profissional que V. Ex.ª elegeu como aquela a quem se devem aplicar todas as medidas de excepção, demais a mais, destituídas de qualquer razoabilidade. Queira V.Ex.ª assumir, neste momento, para não quebrar a coerência intrínseca da desastrosa práxis do Ministério que dirige, a Responsabilidade Maior directa e acrescida, ao potenciar essa má consciência da opinião pública, veiculada e propagada pelos órgãos de comunicação social e pelas eminências pardas deste país (fazedores de opinião, bem remunerada, nos debates televisivos, radiofónicos e colunas dos chamados “jornais de referência”). A senhora ministra oferece-lhes regularmente “repasto” propício ao negócio da informação inquinada de inverdades, tão ao gosto da maledicência nacional comparável, nos tempos modernos, ao sangue que as arenas romanas exibiam para gáudio das massas.
Queira V. Ex.ª assumir que a grande maioria das medidas demagógicas que implementou no sistema educativo, em particular, no Ensino Secundário são, na prática, aquilo que toda a gente sabe: estratégias de poupança, por imperativos do descalabro económico, financeiro e social em que o país se encontra, ataque à Escola Pública e directo contributo para a proliferação de instituições privadas que têm vindo a crescer como cogumelos, perpetuando assimetrias, injustiças e favorecimentos sociais de várias naturezas, sempre em benefício de um espectro alargado de clientelas; senão, confronte-se o controlo científico e pedagógico a que essas instituições têm sido submetidas nas últimas décadas e compare-se, nesse contexto, o supervisionamento dos Exames Nacionais de acesso ao Ensino Superior com aquele que é exercido nas Escolas Públicas. Confrontem-se os resultados obtidos em exames pelos mesmos alunos oriundos da “sangria” crescente das escolas públicas para as privadas e facilmente verificaremos que os resultados obtidos, após transição para o privado, (salvo honrosas excepções – pois toda a generalização é abusiva), não podem ser sérios e muito menos, dever-se à mais elevada competência dos professores que aí leccionam pois, como é do conhecimento geral, uma grande maioria desses professores acumulam no público e no privado, não tendo os alunos dessas instituições a mesma composição socio-económica dos alunos que a Escola Pública acolhe e que, por óbvias razões, não frequentam as instituições privadas. Digamos que, frequentemente, nessas instituições, se recorre ao “truque” de conseguir na “secretaria”, resultados que não foram obtidos em “campo”. Mesmo que em inúmeros casos a verdade tenha sido reposta por via dos maus desempenhos desses alunos em Exames Nacionais, o que é certo é que os expedientes utilizados, acabam por facilitar o ingresso nos cursos superiores mais exigentes no que toca às médias de acesso. Todos sabemos que é esta a real motivação que continua subjacente à “sangria” de alunos do público para o privado que se tem vindo a acentuar na última década. Todos sabemos as pressões a que estão sujeitos os profissionais mais sérios no exercício da docência. Também não ignoramos quais os expedientes a usar (escrúpulos e competência à parte), para nos furtarmos às consequências nocivas na saúde e na carreira, dessas crescentes e superiormente consentidas pressões. Também todos estamos conscientes (e não será necessário qualquer ensaio de lucidez), para reconhecer que nesta, como noutras profissões, também existe incompetência, laxismo, absentismo que importa identificar e combater.
Quanto às “reformas” anunciadas, permita-me Sr.ª Ministra que lance a V. Ex.ª e à sua equipa, em particular aos Sr.s Secretários de Estado, o seguinte repto: tenham V.ªs Ex.ªs a coragem e ousadia (que até ao momento parecem exibir), e experimentem lançar-se (completamente anónimos), numa qualquer Escola Secundária com oferta de cursos heterogénea, no palco não mediatizado de uma qualquer “aula de substituição ou aula regular”, em turmas do ensino básico ou secundário e, particularmente, em turmas dos cursos tecnológicos e de formação. Experimentem leccionar nesse contexto (pois até parece que são, ou já foram professores) e garanto-lhes que se da experiência saírem vivos ou com a vossa dignidade não beliscada, terão toda a oportunidade para exercitar, até ao limite, os dotes de excepcional criatividade, rigor, competência, originalidade e imaginação (para não falar da temerária abnegação) que tal tarefa requer, diariamente, a muitos dos professores das nossas escolas públicas. Se saírem de tal experiência reforçados no vosso auto-conceito e suficientemente animados, poderão ainda desenvolver uma experiência mais aliciante e de inestimável contributo para a melhoria do sistema e do insucesso escolar: ponham-se na pele de professores experientes, “jovens (?)” sexagenários próximos da actual idade de aposentação, com os inevitáveis cabelos brancos, rugas e os demais sinais de decadência física (e não necessariamente mental, que sempre atinge uns, mais do que outros) e experimentem leccionar em turmas vulgares de Lineu de qualquer curso geral , ou acompanhar em sala de estudo aqueles estudantes que por qualquer razão avulsa não conseguiram “ suportar” durante mais tempo aquele(s)"setor(es)”. Irão ver que a experiência e a sábia bonomia que a avançada idade sempre conferem, serão um bálsamo benfazejo para aqueles alunos “tão ávidos de saber” e “tão receptivos à aprendizagem”. Tais experiências darão os seus frutos, constituindo uma inestimável mais-valia ao constarem nos Relatórios ou Inquéritos que os pais dos mesmos alunos certamente não deixarão de elaborar sobre o vosso desempenho, contribuindo para uma progressão na carreira plena, justa e participada, na lógica do modelo de avaliação que V.Ex.ªs tanto prezam.
A Escola Pública Sr.ª Ministra é, como V.Ex.ª não poderá certamente ignorar, o primeiro e fiel espelho da sociedade civil que temos e, portanto, dos pais que temos (salvo muitas e pontuais excepções): a esmagadora maioria não tem, pelos afazeres da própria vida, qualquer contacto com a Escola a não ser muito esporadicamente e, nessa grande maioria existe, inevitavelmente, uma muito significativa parte, que ao demitir-se da educação dos filhos, transfere integralmente para a Escola a responsabilidade de os educar. Mas faltam meios Sr.ª Ministra, faltam muitos meios: humanos, materiais e medidas de regulamentação, principalmente se levadas à prática, para educar em ordem à competência, à cidadania, à profissionalização e, sobretudo, em ordem ao respeito, à decência e à corresponsabilização desses pais no que toca à violência crescente, à agressividade, à indisciplina que grassa nas nossas escolas públicas e privadas (e nestas,camuflada de toda a espécie de arrogância, indigência, despotismo e desrespeito para com os professores , espécie de novos escravos do sistema, mão-de-obra barata que cala e consente todos os desmandos, ameaçada pelo desemprego eminente) e que cresce a um ritmo preocupante : a Escola Pública continua a absorver autênticas hostes de jovens adolescentes, muitos deles marcados por uma crescente indigência social, fruto dessa anomia que a Sr.ª Ministra enquanto socióloga tanto tem vindo a referir; são os mesmos que vandalizam equipamentos, agridem colegas, insultam professores e funcionários, exímios na agressão verbal (que entretanto se tornou corriqueira) práticas que crescem na razão directa da quase total impunidade (por muitos majores Parrachos e Programas Escola Segura que o venham desmentir ou tratar eufemisticamente). A Escola Pública continua a pugnar (com meios cada vez mais escassos e degradados), por aquilo de que a sociedade civil se demite ou não pode fazer, frequentemente com risco da integridade física e psicológica de todos os que nela trabalham e, particularmente, dos professores. ESTA É, em parte, A REALIDADE NUA E CRUA DAS NOSSAS ESCOLAS, Sr.ª Ministra!
Quanto à progressão dos professores na carreira, todos sabemos que os modelos anteriores encerram vicissitudes e defeitos dignos de registo, sendo o maior, aquele que veda aos professores uma possível progressão para além do 10º escalão – que em circunstâncias normais era atingido bastante cedo no percurso profissional da docência e idade dos professores. Porém, Sr.ª Ministra, não foram os professores que criaram esses mecanismos limitando-se, como em qualquer outra profissão, a singrar de acordo e no cumprimento das regras superiormente definidas, (não esqueçamos que todas essas disposições tão duramente criticadas por V.Ex.ª e pelo Governo de que faz parte, têm vindo a ser, a seu tempo, legisladas por outros Governos de idêntica legitimidade e até, de idêntica cor política e sufragadas pela Assembleia da República, ao sabor das várias maiorias que por lá têm passado). Essas regras têm, como é do conhecimento público, vindo a sofrer sucessivas metamorfoses, sempre em prejuízo da Escola Pública. Importará contudo frisar que o modelo que agora está em curso não é melhor, mais razoável e não introduzirá nenhuma mais-valia de objectividade, rigor, exigência ou competência: é mesmo o maior embuste alguma vez visto na história do nosso sistema educativo e não convém escamotear, como é da praxe, as reais responsabilidades, mesmo que por via das mudanças políticas estas tenham que ser apuradas retrospectivamente. (Todos sabemos que, sob um fundo de pura poupança orçamental, não se quer reconhecer nem premiar a competência, o mérito e a prioritária dedicação à actividade mais nobre da docência (a actividade lectiva), mas tão só, reduzir substancialmente o acesso ao topo da Carreira a esses que são os nossos melhores e mais dedicados professores. Em vez disso, criam-se duas Carreiras distintas (os Professores e os Titulares) onde, imagine-se, professores com muito maior experiência e provas dadas nas componentes fundamentais da Educação (actividade lectiva, serviço de Exames, supervisionamento e orientação pedagógica, etc…) vêem-se inusitadamente ultrapassados por professores de Escalões inferiores, com muito menor experiência, mas que somam pontos por cargos cooptados pelas Direcções Executivas das Escolas e distribuídos segundo lógicas internas de “amiguismos” de vária ordem, que de rigoroso e sério nada têm.
Sr.ª Ministra, reconheça, mas reconheça publicamente: tudo isto, além de ABSURDO, é IMORAL, é INÍQUO, é ILEGAL, absolutamente inaceitável e por tudo isso eu lhe aponto o dedo acusador e a RESPONSABILIZO!
Todos sabemos que, no que toca ao Ensino Superior (que tão oportunamente se autonomizou), as coisas continuam praticamente em “roda-livre” no que concerne ao controlo da qualidade de ensino, assiduidade dos professores, cumprimento dos currículos, etc. Todos sabemos! Particularmente aqueles que tendo concluído licenciaturas ou até cursos de pós-graduação, mestrados e doutoramentos com sobrecarga financeira e esforço pessoal não dispiciendos. Pois bem, o facto de existirem duas tutelas separadas não impedirá que a Sr.ª Ministra proponha ao seu congénere do Ensino Superior, um mais estreito diálogo e aproximação nas lógicas de articulação e controlo da qualidade destes níveis de ensino: afinal vivemos todos no mesmo país e não em galáxias tão distantes que façam esmorecer esse impulso, mesmo em acumulação com as novidades impostas no quadro dos acordos europeus. Sr.ª Ministra, todos sabemos que seria bem mais fácil, profícuo e menos demagógico, implementar verdadeiros critérios de exigência e rigor no âmbito de todos os níveis de ensino. Existem certamente dados e registos mais do que suficientes para serem correctamente analisados pelo Ministério da Educação: só os não analisa quem não quiser, ou quem não puder! É claro que talvez não fossem tão mediáticos e certamente careceriam de equipas devidamente habilitadas para o fazer, no terreno das escolas. É claro que contribuiriam para desfazer muitos equívocos e inverdades que passam, sem qualquer filtro de rigor ético para a opinião pública. Por outro lado, seriam pouco ou nada oportunos para a coerência da imagem de severidade “equitativa” das restantes medidas do Governo. Mas claro, isso também seria dispendioso, para não falar das imensas disparidades que existem na profissão docente no que toca aos dados disponíveis: existem, por exemplo, imensos professores cujo trabalho não pode ser aferido por resultados de exames nacionais porque simplesmente não operam nesses níveis de ensino, mas cuja progressão deveria depender da análise da qualidade científica, do empenhamento e dedicação pedagógica com que exercem a docência, através de instrumentos rigorosos e objectivos.
Por fim Sr.ª Ministra e porque a missiva já vai longa, (apesar do muito que fica por dizer), resta-me desejar que tenha o seu Ministério e todos os gestores e economistas mais liberais deste país, os níveis de desempenho, de produtividade, de assiduidade e competência que muitos professores deste mesmo país ainda têm; (mesmo com escassos meios, emagrecimento substantivo de salários e degradação iníqua e galopante da sua qualidade de vida) e, se assim for, estaremos convictos que a Educação caminhará no bom sentido, que não é claramente o rumo que a Sr.ª Ministra tem vindo a definir e a concretizar. Esses professores, Sr.ª Ministra, não têm qualquer objecção ou receio de ser avaliados num regime que se vincule a critérios científicos, objectivos e rigorosos, mas sentem-se legitimamente revoltados, humilhados, injuriosamente visados por uma política centrada na arrogância sempre gratuita, na irresponsabilidade, na penúria de cidadania e numa demagogia “justicialista” que para além dos limites de uma decência ética mínima, explora ressentimentos sociais em que este pobre país é fértil, justamente por ser também um país pobre, a vários níveis.
E porque “nem só de pão vive o homem”, relembro algo que tem sido permanentemente ignorado pela opinião pública em geral, pela Sr.ª Ministra, por todos os quadros superiores deste país e, em particular, pelo nosso primeiro-ministro Sócrates, cuja política deseducativa a Sr.ª Ministra tem cumprido tão servilmente e que tem consistido, miseravelmente, na aplicação do velho lema do dividir para reinar. É que todos parecem esquecer-se que foram PROFESSORES que os formaram (desde os primeiros bancos da Escola, até aos cargos que agora ocupam). Devem, portanto, a muitos dos professores deste país o RESPEITO que estes legitimamente merecem!E como infelizmente estamos em maré de terrores e perseguições várias, limitar-me-ei a encerrar esta missiva de acordo com a lógica que V.Ex.ªs instalaram e imprópria de um país que se diz livre e democrático:

Professora (bastante indignada)
7 de Junho de 2007

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

2º Período OS VALORES




Aquelas entidades a que chamamos “valores, estão presentes em todas as dimensões da nossa existência e podem assumir significados distintos: uma significação técnica (o valor de uma lei científica ou de um instrumento/ferramenta para a ampliação do conhecimento e resolução de problemas), uma significação afectiva (os valores que atribuímos a objectos, pessoas, locais, etc., que exprimem relações de estima /aproximação ou de rejeição/afastamento); um significado moral (quando apreciamos atitudes de lealdade, de coragem, ou quando condenamos comportamentos injustos, egoístas, ou desleais). Em suma, os valores são inseparáveis do nosso modo de agir e de pensar: funcionam como guias de acção.
O homem é um animal axiológico na medida em que é criador de valores, projecta-os na realidade (a partir das apreciações que faz, dos seres, objectos, pessoas e situações).

O QUE SÃO VALORES?


Os valores não são factos, não são acontecimentos, não assumem uma natureza física/concreta, material e visível mas têm, antes, uma natureza ideal. Os valores são Ideias/noções abstractas que nascem de uma relação valorativa (apreciativa ou depreciativa) entre o sujeito (sociedade) e a realidade.

VALORAR/VALORIZAR


Valorar, é o acto pelo qual atribuímos valores às coisas (sejam eles valores positivos, de agrado ou admiração ou negativos, de desagrado e rejeição); assim, valorar não é o mesmo que valorizar – uma vez que “valorizar” indica, necessariamente, uma valoração positiva.
Ex: Quando algo é desejável, ou merecedor de estima e admiração, atribuímos-lhe um valor positivo; neste caso a nossa valoração foi, simultaneamente, uma valorização. Inversamente, quando não reconhecemos esses atributos nos objectos, pessoas ou situações, atribuímos-lhes um valor negativo (neste caso, valorámos, mas não valorizámos essas realidades).

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DOS VALORES


Idealidade: os valores são ideias, entidades abstractas (é essa a essência dos Valores).
Polaridade: os valores estruturam-se numa lógica de oposição (pólos opostos) havendo, para cada valor, o seu contrário: Belo/Feio; Saúde/Doença; Virtude/Vício, etc.
Historicidade: os valores sofrem alterações e flutuações (relativizam-se em função da época e do contexto sociocultural), reflectindo a sua ligação e enraizamento na História da humanidade.
Hierarquização: critério que traduz o facto dos valores serem suscepítveis de se organizar numa lógica de maior ou menor preferibilidade, dando origem a uma escala ou tábua de valores: cada sujeito, cada sociedade, hierarquiza os seus próprios valores segundo critérios de maior ou menor preferência e importância.
Absolutividade/relatividade: este aspecto encontra-se intimamente ligado à historicidade e à hierarquia dos valores. De facto, podemos considerar que há valores mais absolutos, objectivos e universais do que outros. Em regra, são os valores espirituais e éticos os que assumem um carácter mais absoluto e universal (exs: os valores consagrados nos Direitos Humanos, a Justiça, a Paz, a Liberdade, a Felicidade, etc). Porém, mesmo estes valores, podem relativizar‑se (sofrer mutações no seu significado) quando transpostos para épocas e contextos socioculturais distintos: a felicidade e a honra para o cidadão comum europeu, na Idade Média, não é equiparável aos mesmos valores para o cidadão comum da Europa contemporânea, tal como as noções de honra, virtude e coragem para um cidadão comum japonês, na actualidade, não são análogas às de um cidadão sul-americano.
Os valores materiais são os que assumem maior flutuação/diversidade sendo, por isso, muito relativos. Exs: os valores que traduzam sensações de agrado/desagrado e os valores relacionados com os bens de consumo são muito diferentes, de pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade.


TEORIAS DO SUBJECTIVISMO E OBJECTIVISMO AXIOLÓGICO


Existem duas perspectivas opostas sobre a natureza dos valores:
- A concepção subjectivista destaca os factores que associam os valores a preferências e inclinações pessoais; assim, na óptica desta teoria, os valores são subjectivos e consequentemente, relativos porque inteiramente dependentes das percepções, sentimentos e apreciações de cada sujeito.
- A concepção Objectivista entende que os valores existem, independentemente do sujeito que avalia; esta concepção assume que há valores absolutos, de carácter imperativo e universal (impondo-se a toda a humanidade), ultrapassando critérios e sensibilidades subjectivas; logo, esses valores são autónomos e objectivos – independentes do sujeito e das circunstâncias. São exemplos desses valores, aqueles que assumem relevo para toda a humanidade, sendo consensualmente reconhecida a sua universalidade e intemporalidade: a Liberdade, a Justiça, a Felicidade, o Bem, etc.


CONCILIAÇÃO das TEORIAS (PERSPECTIVA CRÍTICA)


Haverá que reconhecer que no universo de valores ambas as teorias cometem exageros no que
respeita à sua perspectivação: de facto, é possível reconhecermos que existem valores mais absolutos, objectivos, universais e intemporais (de maior longevidade) do que outros e, consequentemente, não teremos dificuldade em aceitar a razão parcial da teoria do objectivismo axiológico quando consideramos valores que transcendem as nossas apreciações subjectivas (como é o caso dos valores de natureza espiritual e ética).
Não teremos igualmente dificuldade em aceitar que existem valores mais subjectivos, totalmente dependentes da óptica de cada sujeito e mais relativos do que outros, como sejam todos aqueles que estão directamente dependentes de juízos opinativos no que respeita a objectos, pessoas, situações, ou aqueles que estão directamente ligados a hábitos, costumes e modas de natureza sociocultural reconhecendo, também, a razão parcial da teoria subjectivista. São exemplos destes valores, aqueles que se ligam directamente ao plano material/concreto, como seja a valorização do exercício físico como critério de saúde, (mais comum na época actual do que noutras), determinados padrões de beleza (variáveis de sujeito para sujeito e de época para época), bem como os critérios de importância atribuídos por cada um de nós a factos, situações, comportamentos, etc.
Concluímos que ambas as teorias são portadoras de uma verdade relativa no que respeita à natureza dos valores, tendo ambas uma razão parcial mas não absoluta, no que respeita a esta matéria.

ACTIVIDADE FORMATIVA ( para estudo e treino da matéria)

TEXTO:

Faz parte da própria natureza dos valores, como qualidade ou predicado das coisas, não só a sua polaridade (belo/feio, por exemplo), como também o facto dos mesmos constituírem uma hierarquia: “os valores estão ordenados hierarquicamente, isto é, há valores inferiores e superiores. Os valores ocorrem numa ordem hierárquica; ao confrontar-se com valores, o homem prefere geralmente o superior, ainda que às vezes escolha o inferior por razões circunstanciais”
(FRONDIZI).

Os valores podem, é verdade, ser hierarquizados, mas esta hierarquização será sempre histórica, no sentido de ser inerente a pessoas ou comunidades. Algo que alguém considera mais valioso não é necessariamente algo que outras pessoas consideram mais valioso. Os valores são, portanto, em um certo sentido, sempre relativos. Por exemplo: aquilo que a família de um suicida geralmente considera mais valioso, a vida, não é aquilo que o próprio suicida considerava mais valioso. Aquilo que a maioria daqueles que defendem a legalização do aborto considera mais valioso, a liberdade de escolha, não é aquilo que aqueles que se opõem ao aborto consideram mais valioso, a vida. Se for possível estabelecermos uma hierarquia entre valores, esta hierarquia será, no entanto, pessoal (ou, na melhor das hipóteses, comunitária) e válida apenas para aquele a cuja estrutura mental pertence esta hierarquia. Ao contrário, de uma forma ou de outra, as normas e os deveres pretendem valer para todos, universalmente. Não haveria sentido num dever moral que não se pretendesse universal.
Marcelo Campos Galuppo


QUESTÕES:


1. Esclarece o significado da seguinte afirmação: “ a competência axiológica é uma função específica de um ser racional”.

2. Explicita a seguinte afirmação do texto: “Não haveria sentido num dever moral que não se pretendesse universal.”

3. Confronta essa afirmação com os pressupostos do Subjectivismo Axiológico.

4. Relaciona o relativismo dos valores com a hierarquia e historicidade.

5. Com base nos elementos de estudo fornecidos, justifica as seguintes afirmações:

a). “ O indeterminismo, tal como o determinismo radical são teorias incompatibilistas”.


b). “ A perspectiva de J. Searle é, simultaneamente, uma teoria monista e dualista, no que respeita à análise da problemática do livre arbítrio”.