quarta-feira, 18 de março de 2009

Correcção do 4º Teste Sumativo (Março 2º Período)

Versões 1 e 2

GRUPO I (Versão 1)
1.C
2.A
3.C
4.C
5.C
6.D
7.C
8.B
9.B
10.D

GRUPO II (Versão 1)
1.F
2.F
3.V
4.V
5.V
6.F
7.V
8.V
9.F
10.V
11.F
12.F

GRUPO I ( Versão 2)

1.B
2.D
3.C
4.C
5.B
6.A
7.D
8.C
9.C
10.C

GRUPO II (Versão 2)
1.V
2.V
3.F
4.F
5.F
6.V
7.F
8.V
9.F
10.V
11.V
12.F

Grupo III

(Versão1)

1. Sendo a moralidade uma faculdade associada à racionalidade, podemos concluir que, na espécie humana, é uma predisposição inata mas não estática: sofre uma evolução ao longo da existência (através do processo de socialização: integração e moldagem social. É nesse processo dinâmico que o conceito de pessoa adquire o seu significado ético uma vez que não se trata de uma simples individualidade, mas de um sujeito moral, entidade em permanente construção nas interacções que estabelece com os seus semelhantes; as aquisições e a aprendizagem social possibilitam ao sujeito moral o auto conhecimento
(uma percepção de si próprio) e a evolução da sua consciência moral, facto que determina a qualidade das relações que estabelece com os outros: de maior ou de menor respeito pela sua singularidade e pelas suas diferenças. (Na versão 2 : responde à questão 3)

2. A ética kantiana, sustentada em princípios racionais é, simultaneamente, uma ética formal porque não indica o que devemos fazer, em cada circunstância, (não indica conteúdos de acção) mas a forma a que as acções devem vincular-se para respeitarem o princípio universal da moralidade. No plano teórico (racional/conceptual) a forma traduz-se no puro respeito ao dever, manifestando-se, no plano da consciência, como uma representação do dever sob a forma de imperativo categórico . (Na versão 2: responde à questão 4)

3. Na perspectiva da ética kantiana a lei que funciona como guia da acção e lei universal da moralidade é o imperativo categórico.
O imperativo categórico é a representação da lei moral na consciência: essa representação manifesta-se no dever como regra universal da moralidade e é aplicável a toda a humanidade, enquanto regra ideal/racional das acções mesmo que estas, no plano prático, não concretizem essa orientação (própria de uma vontade autónoma), podendo manifestar outras tendências da vontade humana associadas a uma vontade heterónoma que não assume, nesta teoria, valor moral. (Na versão 2: responde à questão 5)


4. A ética kantiana associa a moralidade das acções à intenção/motivação ou máxima que as orienta. Assim, se a máxima que desencadeia uma acção estiver associada a interesses ou necessidades circunstanciais, que decorrem das relações entre o sujeito e a experiência, não estaremos perante uma acção verdadeiramente autónoma, desinteressada e livre (que se realize por respeito ao dever como princípio auto‑imposto por uma vontade que o estima e reconhece), mas perante acções em que a vontade é condicionada por pressões exteriores que se traduzem na necessidade ou no interesse a que a vontade é submissa. Essas acções assumem, nesta teoria, as designações de acções conforme o dever e contra o dever – não são acções livres, fruto de uma máxima auto-imposta e voluntariamente assumida, mas acções que respondem a inclinações heterónomas. (Na versão 2: responde à questão 1)

5. As teorias que assumem a felicidade como ideal da moralidade são, simultaneamente, aquelas que associam o valor das acções aos seus efeitos materiais (às suas finalidades e consequências reflectidas no plano empírico – no plano da experiência). Assim, para as éticas consequencialistas o fundamento da moralidade é, paralelamente, o da utilidade. Este critério aplica-se às acções cujos efeitos ou consequências produzam o bem estar, o prazer ou a felicidade de um maior número de pessoas. A teoria de Stuart Mill enquadra-se nesta perspectiva ao definir o princípio da utilidade como o princípio da maior felicidade e ao admitir a Felicidade como o fim para onde devem dirigir-se as acções morais. Neste sentido, a ética de Stuart Mill é, simultaneamente, uma teoria teleológica.
(Na versão 2: responde à questão 2).


Grupo IV
(Tópicos orientadores da dissertação:)

Identificar a teoria representada no esquema: ética racional, formal e deontológica de Kant.
Esclarecer a respectiva concepção formal e racional da moralidade: valorização dos princípios/máximas/intenções (formalismo axiológico/ético), em oposição às éticas materiais e consequencialistas (como a de S. Mill) que fundamenta a moralidade noutros critérios: finalidades/consequências e utilidade das acções no plano da experiência (plano empírico).
Referir, em articulação com o ponto anterior, que uma ética racional baseia-se em princípios a priori (da Razão), independentes da experiência.
Identificar o imperativo categórico como a lei que a razão dá a si mesma e esclarecer , mesmo que sinteticamente, os seus atributos: categórico/ absoluto/não hipotético/incondicional/universal.
Demonstrar o carácter deontológico da teoria, ao excluir da moralidade as motivações heterónomas e ao eleger como lei da moralidade o princípio racional do dever.
Explicar que a vinculação à lei moral (formal) como regra de conduta – remete para um ideal universalista da moralidade que, não conduzindo necessariamente à felicidade (no sentido comum e banal do termo) não a exclui, pelo contrário: a felicidade é associada a um horizonte mais elevado: o da liberdade (autonomia) e o da dignidade humana: ser feliz é ser digno e aquele que é digno porque assim o escolheu, não deixará de reconhecer nessa condição voluntária de dignidade um estado de maior felicidade.
Estabelecer a analogia entre uma vontade boa e uma vontade autónoma referindo-se, eventualmente, às 3 disposições da vontade; associar a vontade boa à disposição para a moralidade e à autonomia.
Referir que a teoria kantiana assenta no pressuposto do respeito pela pessoa humana na sua singularidade, recusando qualquer instrumentalização do homem ao serviço de outras causas: “cada ser humano deve ser tomado como um fim em si mesmo e nunca como meio, ao serviço de outras causas ou fins”.
Associar esta concepção a uma das formulações do imperativo categórico, citando-a (eventualmente):
“ Age sempre de maneira a tratar a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, como fim e nunca simplesmente como meio”.
FIM

segunda-feira, 2 de março de 2009

Auxiliares de estudo: 4º teste (Março)


















Para as éticas racionais (como, por exemplo, a ética kantiana):

O valor moral de uma acção reside na sua forma/intenção; nos princípios que orientam a vontade. Esses princípios recebem o nome de máximas.

Uma máxima é uma regra auto-imposta: um princípio subjectivo da acção.


A ética kantiana é uma teoria racional/formal porque privilegia a forma ou intenção das acções,independentemente das suas consequências materiais ou da sua utilidade.
agir bem, é agir orientado por uma vontade boa ( por puro respeito ao dever) reconhecido como imperativo ou mandamento da consciência: esta ética é uma teoria do dever/deontológica.

A vontade boa é uma vontade autónoma - que reconhece o dever, como lei moral e universal , alheando-se dos interesses e inclinações heterónomas ( ligados à experiência/ vivência / às necessidades materiais e às suas consequências).
Esta teoria é representante de um formalismo axiológico.

" Age por puro respeito ao dever, ainda que isso te prejudique, ou que não retires dessa acção qualquer benefício material".

O VALOR SUPREMO DA MORALIDADE NA ÉTICA KANTIANA É A DIGNIDADE.
INVERSAMENTE, PARA AS ÉTICAS MATERIAIS ( nomeadamente para a de Stuart Mill) O VALOR SUPREMO DA MORALIDADE É A FELICIDADE.

Para a ética material utilitarista/consequencialista de Stuart Mill:


O valor moral de uma acção depende dos seus fins/finalidades e das suas consequências: associa a moralidade à utilidade das acções - aos seus efeitos práticos; por isso entende que a moralidade implica adaptar as acções às circunstâncias e às necessidades de cada momento (Relativismo axiológico) desde que as suas consequências se dirijam à felicidade da maioria e à utilidade.

Esta teoria é representativa de uma ética material ( porque não se abstrai das condições da experiência/vivência; é teleológica ( porque avalia a moralidade das acções em função dos seus fins; ("telos" = " fim"). É ,ainda, uma teoria consequencialista porque as avalia em função das suas consequências/resultados.

Agir bem (na óptica desta teoria), é adequar as acções às circunstâncias materiais em que estas se realizam e aos efeitos que têm: " uma acção é boa/útil quando contribui para a felicidade do maior número de pessoas". Nesta ética o princípio da utilidade é o princípio da maior felicidade , entendida como a obtenção do bem-estar, do prazer. Por esta razão a teoria de S. Mill representa também um modelo hedonista ( do grego hedonê = prazer).

O valor supremo da ética utilitarista/consequencialista de S. Mill é a felicidade - o bem-estar da maioria, mesmo que cada ser humano ( ou as minorias) possam ser tomados como meios para atingir esse fim.

As 3 Disposições da vontade e as características do Imperativo Categórico na teoria de Kant:

Agir moralmente (virtuosamente) implica, com frequência, a ultrapassagem de conflitos inerentes à nossa natureza. O homem é composto por diferentes tendências ou inclinações que arrastam a vontade para a satisfação de necessidades, interesses e desejos muito diferentes e até, incompatíveis/opostos, o que determina a realização de escolhas:

a). Enquanto animal (estrutura orgânica e biológica) - a vontade humana é arrastada para a satisfação de instintos/necessidades primárias ( físicas/orgânicas e psicológicas), como a necessidade de alimento, de afecto, o impulso sexual, etc. Nisto consiste a tendência que Kant designa por "disposição para a animalidade". Esta disposição está associada à satisfação de necessidades e interesses - a vontade é heterónoma não assumindo significado moral.

b). Enquanto ser social (cidadão integrado numa sociedade) - a vontade dirige-se para a satisfação de necessidades relacionadas com os desafios sociais, com a integração e aceitação do indivíduo num contexto regido por normas, regras, padrões de conduta e pelo funcionamento das instituições: família, escola, mundo do trabalho, etc .Esta é a "disposição para a humanidade" - a vontade é heterónoma; também não assume significado moral.

c). Enquanto pessoa/entidade moral - a vontade é orientada por valores e princípios que o aproximam do seu próprio aperfeiçoamento ético: o sujeito dirige-se para a aquisição da sua própria dignidade e consistência de carácter, quando AGE por DEVER, (apenas por puro respeito ao dever/ desinteressadamente); esta é a "disposição para a personalidade - ou disposição para a moralidade" - única tendência que assume valor moral uma vez que é orientada por uma vontade autónoma/vontade boa (independente de necessidades ou interesses circunstanciais).

O IMPERATIVO CATEGÓRICO:

O imperativo categórico é a representação do dever na consciência do sujeito e exprime o carácter normativo (auto-imposto) da Lei moral.



Pode apresentar-se em diferentes formulações:


Ex: 1

" age apenas segundo uma máxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ela se torne lei universal".

Ex: 2

" age sempre de maneira a tratar a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, como fim e nunca simplesmente como meio".

- Qualquer que seja a formulação do imperativo categórico ele representa, na consciência, o significado e o alcance da moral Kantiana: o valor supremo da moralidade é a dignidade e o mandamento expresso pelo imperativo, aponta para o respeito e preservação da dignidade própria e da dignidade do outro, como dever e carácter do homem virtuoso.

Características:


É um imperativo: é um mandamento (uma ordem) absoluto da consciência.

É normativo: manifesta-se como lei moral.



É a priori: princípio da Razão ( independente da experiência).



É categórico: É incondicional ( não é hipotético); impõe uma regra, excluíndo da moralidade outras hipóteses de acção - a moralidade traduz-se, apenas, nas acções por dever ( as que resultam de uma vontade autónoma).

É universal: o reconhecimento do dever, como regra da moralidade, é aplicável a toda a humanidade independentemente da sua concretização no plano das acções; a ética aponta para o plano ideal ( o plano do que deve acontecer) e não , para o plano do que acontece (plano factual).

ESCLARECIMENTO de DÚVIDAS:

Patrícia:

Apesar de teres colocado uma dúvida que, nesta altura do "campeonato," já não tem nenhuma razão substancial para existir ( uma vez que esse conceito - "empírico" tem sido integrado e esclarecido em, praticamente, todos os conteúdos programáticos trabalhados desde o início do ano ( na Acção, nos Valores, etc.), aqui vai um breve esclarecimento e algumas sugestões: um estudo mais atento de todos os elementos de apoio incluíndo o Manual e a simples consulta de um dicionário de Filosofia, resolveria dúvidas deste género.

- " Empírico" - em qualquer contexto, refere-se ao que é dependente da experiência ( e, portanto, a posteriori) ; por exemplo, a maior parte das noções/conceitos das ciências da natureza têm uma origem empírica, isto é, começam por ser formados a partir da sensibilidade, através da observação dos fenómenos. O mesmo não acontece com as noções das ciências racionais ( como é o caso da Geometria, da Lógica e da Matemática - que não vão "buscar" à experiência as noções sobre as quais operam). Os princípios da Ética Kantiana - são a priori ( isto é, Racionais: independentes e anteriores à experiência - são princípios da Razão). Nem todo o conhecimento tem a sua origem na experiência ( nem todo o conhecimento é empírico).

Espero que tenhas ficado mais esclarecida.

Bjs. e Bom Estudo!

Duarte:

Respondendo muito sinteticamente às duas questões colocadas:

As teorias utilitaristas (como todas as teorias), são sistemas de pensamento que nunca pretendem responder ou confinar-se a um só problema: a teoria de Stuart Mill, até pela sua contextualização histórica, reflecte os problemas do seu tempo - entre os quais, os direitos humanos e a abolição da escravatura. Todas as filosofias têm uma ligação à história (historicidade) e, por isso, não se desenraizam dos problemas da época em que surgem. Porém, o utilitarismo de Mill não esgota o seu sentido ( como teoria) apenas nessas questões, como será lógico concluír.

Quanto ao hedonismo - é uma perspectiva da existência ( e da ética em particular) - que assume a Felicidade/ o Prazer como valor supremo da moralidade ( e da vida). Esta perspectiva teve a sua origem no pensamento clássico grego - e é retomada pelo utilitarismo dos sécs. XVIII-XIX.

Tudo isto foi, também, objecto de explicação nas aulas e um estudo mais atento de todos os elementos indicados ajudar-te-á a superar dúvidas deste tipo.

Marta:

Todos os juízos expressam-se sempre sob a forma de uma proposição ( uma frase declarativa, afirmativa ou negativa); os juízos morais não constituem excepção: expressam-se sob a forma de proposições. No entanto, os juízos morais aplicam-se às acções (aos comportamentos) diferindo de outros juízos de valor, que se podem aplicar também a objectos ou outras realidades. Para emitirmos um juízo moral sobre um comportamento/acção, partimos sempre de um padrão ou critério valorativo (nosso ou com o qual concordemos). É neste aspecto que os juízos morais se contextualizam na matéria:

- Por exemplo, se analisarmos o acto de mentir segundo o padrão da ética de Kant, será sempre um comportamento condenável. Se, no entanto, o analisarmos segundo o critério das éticas utilitaristas esse mesmo acto "mentir" poderá assumir um valor moral e até poderemos emitir juízos morais favoráveis a esse acto se os seus efeitos ou consequências forem benéficos (em prol de alguém ou a favor de uma boa causa).